Levy diz a parlamentares que governo terá que cortar despesas e afirma que cenário é de dificuldades

Futuro ministro da Fazenda também não descartou aumento de impostos

BRASÍLIA – Os futuros ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, se reuniram por três horas com parlamentares do governo e da oposição no Congresso nesta terça-feira. Durante o encontro realizado a portas fechadas, Levy disse, segundo parlamentares, que será necessário fazer uma restrição de gastos públicos em 2015 e que o importante para o governo é fixar metas que sejam cumpridas, de fato.

Levy, conforme os parlamentares, disse que a partir de agora “as regras serão fixadas e cumpridas”, numa sinalização de que o governo abandonou a chamada contabilidade criativa. Na avaliação dos parlamentares o futuro ministro não descartou aumento de impostos, mas disse que um aumento excessivo pode acabar “mantando a economia” e que esse recurso só deveria ser usado como forma de aumentar a poupança pública, e não para custear gastos do governo.

O futuro ministro disse ainda que está afastado, por enquanto, o risco de haver um rebaixamento da avaliação do Brasil pelas agências internacionais e que isso melhora o cenário para a equipe econômica trabalhar. Durante o encontro os dois integrantes da equipe econômica admitiram que o cenário é de dificuldades e que é preciso fazer todas as medidas para cumprir a meta do superávit primário fixada para 2015 de 1,2% do PIB.

Os dois evitaram anunciar as medidas fiscais que serão adotadas, nem quiseram afirmar se haverá mesmo a correção da tabela do Imposto de Renda (IR), como prometeu a presidente Dilma Rousseff. Eles disseram que ainda há uma equipe formal.

— Temo que haver uma contenção de despesas e restrição de gastos. Temos que fixar as regras do jogo e segui-las — disse Levy, segundo relatos de diferentes deputados, como Pauderney Avelino (DEM-AM) e Felipe Maia (DEM-RN).

Levy disse que uma das preocupações do governo é conter a dívida pública. Ele ainda ressaltou que havia o temor de que o Brasil fosse rebaixado pelas agências internacionais de avaliação de risco, afirmando que, se isso ocorresse, os juros de capitalização aumentariam.

— Ele disse que o cenário seria de maior dificuldade e que o risco de rebaixamento está afastado por enquanto, o que dá mais tranquilidade ao governo — acrescentou o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Já o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), disse que Levy e Barbosa se comprometeram com as metas fiscais adotadas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2015, que deve ser votada na noite desta terça-feira pelo Congresso. Mas o ministro ressaltou que terão que ser adotadas medidas fortes para atingir a meta de superávit primário de 1,2% do PIB ou R$ 66,3 bilhões.

— Eles explicitaram o compromisso de manter as metas fixadas com relação à Lei de Diretrizes Orçamentárias em 2015. Esse é o compromisso mais importante para a Oposição para não acontecer o que aconteceu em 2014. O quadro econômico de dificuldades com medidas duras a ser adotadas no sentido de ajustar a economia foi reconhecido pelos ministros — disse Mendonça Filho.

O relator-geral do Orçamento da União de 2015, senador Romero Jucá (PMDB-RR), disse que o recado ficou claro sobre a necessidade de novas medidas para poder cumprir as metas fiscais em 2015.

— Ele disse que 1,2% do PIB é uma meta suficiente para o superávit, mas que é preciso adotar medidas para cumpri-la. E claro que Levy disse que criar imposto não é bom. Mas não anunciaram medida nenhuma e nem poderiam, porque ainda não são ministros — disse Jucá.

Fonte: O Globo