Como evitar problemas fiscais e contábeis nas MPEs?
O desconhecimento, a falta de comunicação e de organização levam às três principais causas da mortalidade das MPEs nos primeiro cinco anos, segundo João Carlos Natal, consultor do Sebrae-SP. A primeira e mais comum, conforme já mencionado, é a falta de planejamento antecipada.
A segunda é gestão empresarial, que se torna falha por desconhecimento das áreas contábil e de finanças – o que leva o empreendedor a não se preocupar com o fisco, por exemplo, por não ser “problema meu”.
Já a terceira é falta de comportamento empreendedor, ou seja, de enxergar o pro labore como holerite, de ainda pensar como funcionário e não como gestor da empresa. “Quando a MPE aprende a formar preço de venda, aprende que os impostos estão embutidos nele, e que eles têm que ser pagos periodicamente.”
Com a criação da figura do Microempreendedor Individual (MEI), em 2008, que permite abrir uma empresa em 30 minutos sem necessidade de contador, muitas acabaram quebrando por simplesmente não se informarem e desconhecerem que precisam o gerar o DARF (guia de recolhimento do MEI) pela internet, diz o consultor.
“Já disse o ministro Afif Domingos (da Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa) que, nesse caso, a inadimplência não é relacionada à falta de pagamento, mas de informação.”
Para a maioria das pequenas empresas em estruturação, gastar dinheiro com “luxos” como um contador geralmente fica em segundo plano. Mas quando não há escapatória, há quem prefira gastar o mínimo possível – caso típico de barato que sai caro. Como aconteceu com Fernando Henrique Berg de Abreu e sua distribuidora de materiais elétricos, aberta há quatro anos.
Mesmo organizado e conhecedor do produto, como administrador sofreu no início para gerir o negócio, e investiu pouco no serviço de um contador. Resultado: impostos pagos em atraso ou, pior, indevidamente. E o faturamento indo pelo ralo.
Natal, do Sebrae-SP, diz que esse é um dos cuidados básicos para abrir uma pequena empresa: conhecer vários contadores antes de escolher o melhor. E fazer um contrato que determine todo e qualquer serviço prestado.
“A briga é sempre essa: a empresa quer pagar o mínimo possível ao contador, que por sua vez devolve o mínimo possível. Ele pode ser um ‘mal necessário’, mas se a relação é franca e de qualidade, ele se torna realmente parceiro”, diz.
Richard Domingos, da Confirp, tem opinião semelhante. Segundo ele, o empresário não valoriza o trabalho do bom contador, que muitas vezes cobra o que ele não está disposto a pagar. “Só pelo contador classificar produtos corretamente para emitir nota pode gerar vantagens no recolhimento de um imposto. Mas muita gente não enxerga isso.”
Depois da dor de cabeça, Abreu procurou ajuda do Sebrae, e começou a mudar sua mentalidade – mesmo que significasse gastar um pouco mais para receber orientações qualificadas. “Foi quando começamos a engatinhar”, diz. Dois anos depois de acertar a situação, sua FHB Elétrica conquistará a certificação técnica ISO 9001 pelo bom andamento dos negócios e dos processos, e se prepara para entrar de vez para o e-commerce, em 2015.
“Estamos crescendo na faixa dos 8% ao ano, mas de forma sustentável. Optamos por pisar no freio por enquanto para nos reorganizar. E não deixo de lembrar meus funcionários (são 32): a estrutura ainda é pequena, mas temos que pensar grande.” Lição aprendida, negócios à toda.
Fonte: dcomércio.com.br