Uma rápida reflexão sobre a evolução do pensamento contábil até a Era SPED
Parte 2 de 3 – Um fato que reforça a espiral do desenvolvimento do pensamento contábil como resposta ao aumento da complexidade econômica da sociedade.
Por Rogério Negruni, diretor Presidente da Decision IT
Um exemplo notável da evolução do pensamento contábil ocorre na Inglaterra com a proibição da comercialização dos certificados de participação das companhias de capital por mais de um século, após o caso mais conhecido da Companhia dos Mares do Sul. Supostamente constituída para explorar o tráfico de escravos, acabou gerando um efeito bolha, no início de XVIII, em que se tinha poucas oportunidades de investimento na Inglaterra, trazendo ruína e perdas para nobres e para a família real inglesa. Pois foi neste mesmo país que nasce a profissão de contador, resultado da importante Lei das Companhias em 1844, uma espécie de bisavó da nossa Lei 6404/76, que passou a exigir balanços aprovados por auditores, entre outras novidades para uma época, de 50 anos pós revolução industrial.
Também merece destaque nesta época a exigência de uso de contadores em caso de falência, para fazer a maior parte do trabalho inicial do processamento da falência. Na sequência dos acontecimentos em 1854, nasce em Edinburgo, Escócia, a sociedade de contadores que poderia se apresentar como autorizados pelo poder real. É curioso que uma bolha representada por papeis inflacionados por preços irreais que cunhou grandes danos a sociedade inglesa, não impede, em apenas um século depois, que uma sociedade mais rica e esclarecida, reconheça e busque amparo e segurança na ciência contábil da época, para acompanhar e monitorar suas riquezas investidas em novas e emergentes companhias oriundas da expansão da revolução industrial e do comércio internacional, incluindo, mas não se limitando, aos países do Novo Mundo.
Acionistas, investidores, credores e governo passam a ter interesses em informações financeiras de forma diferente do proprietário em razão do grande volume de investimentos tomados e da distinção entre o retorno do capital ao proprietário e o lucro como retorno ao grupo de investidores. Novas demandas a ser atendidas pela Teoria e Escolas do Pensamento Contábil estavam sendo apresentadas à sociedade do século XVIII, em busca de respostas diante da maior complexidade da atividade econômica com o advento do crescimento do número de indústrias de manufaturas, bem como pela maior dinâmica dos fluxos financeiros oriundos do aumento da riqueza gerada pelo uso de novos ativos não circulantes, como máquinas e instalações.
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