Mercado de chocolates no Brasil deve crescer 10% ao ano
Mercado de chocolates no Brasil deve crescer 10% ao ano O Brasil é o 3º mercado no consumo de chocolates no mundo, atrás dos Estados Unidos e da Alemanha, respectivamente 1º e 2º lugares. Os brasileiros consomem, em média, 2.8 kg de chocolate per capita ao ano, enquanto na Europa o consumo é de 7,5 kg por habitante. Para 8 em cada 10 consumidores de chocolates, prazer é a principal sensação relacionada ao consumo do produto. Com a informação levantada pela Consultoria Euromonitor de que esse segmento deve crescer no Brasil, até 2018, 10% ao ano, produtores nacionais ganham fôlego para investir e grandes grupos estrangeiros se aproximam do mercado brasileiro e passam a considerá-lo fortemente em suas estratégias de marketing.
O ponto fraco da história é que o mercado é extremamente sazonal, com duas datas que elevam o consumo. É o caso da Páscoa, por razões óbvias, e o Natal, onde o produto entra fortemente como opção de presente ou é ingrediente para pratos e receitas que são consumidos nesse período. No Sul do País, o inverno também é um período que aquece as vendas.
Em todo o mundo, três companhias respondem por 76% de todas as vendas, de acordo com dados da Euromonitor (ver quadro ao lado). O que chama a atenção em meio a esse cenário é que no Brasil as marcas estrangeiras ainda são desconhecidas de grande parte da população, o que permitiu e favoreceu o crescimento de marcas nacionais que souberam aprender com esses grandes players do setor, fora do País, e reproduziram aqui um modelo de negócio e produtos de alta qualidade capaz de atender muito bem o diversificado mercado nacional, que se segmenta em pelo menos três: varejo, festas e corporativo. Foi o caso da marca Cacau Show. O segmento Premium vem numa crescente, com marcas como a Kopenhagen, adquirida pelo multinacional Grupo CRM, como a grande estrela brasileira. Confirmando o que todo mundo já sabia, as mulheres são as maiores consumidoras do produto por aqui. Com boas perspectivas, falta só desvincular o produto do Coelhinho e do Papai Noel e conseguir vender durante o ano inteiro. Os chocólatras podem sim dar uma ajudinha.
Já o mercado cearense também conta com diversos produtores de chocolate, que atuam tanto no segmento de festas quanto no varejo e corporativo, segmentos que costumam movimentar e demandar a presença do chocolate como um item praticamente obrigatório nessas ocasiões, abrindo espaço para empresas e marcas locais. É o caso da Carol Belchior. Ela está nesse meio desde 1998 e começou atendendo a família e amigos e evoluiu para um modelo de negócio profissional. É ela que nos conta aqui um pouco de como é esse negócio, o mercado local e quais os principais fatores que motivam a sua produção.
Carol, quais as principais tendências do mercado de chocolates no mundo que vocês também adotam?
O mercado vem crescendo, o consumo é muito eclético, contempla pessoas que querem produtos mais finos ou aquela pessoa que é muito seletiva. A chegada de linhas diet e funcional são exemplos de tendências de produtos mais saudáveis. Uma tendência forte é que o chocolate deixe de ser visto como um vilão. Ele traz benefícios que os estudos comprovam, foi desmistificado isso.
Como vocês veem e trabalham a marca considerando que esse é um fator importante nesse mercado de grandes players?
Nosso negócio se profissionalizou mas ainda é pequeno, eu mesma dou as diretrizes para a nossa marca a partir de estudos e viagens frequentes onde tento acompanhar como o mercado lá fora tem se posicionado. É um grande desafio.
Quais os segmentos em que vocês atuam mais fortemente e quais os percentuais de faturamento de cada um deles?
Atuamos em dois segmentos, o segmento de festas e o varejo, sendo o de festas o nosso principal mercado, com aproximadamente 90% do nosso faturamento. Para esse segmento a gente investe bastante, a gente embarca mesmo na ideia do cliente e tenta oferecer para ele itens personalizados que tenham a ver com seus costumes, cultura etc. Se é uma festa infantil a gente vai buscar ingredientes e elementos que as crianças mais gostam. Se é um casamento, também pensamos de forma específica para a ocasião e o estilo dos noivos. A personalização é muito importante, até o horário da festa a gente tem que considerar. Já o varejo fica com os outros 10%, com a venda sendo feita na nossa própria fábrica.
E qual a principal estratégia de vocês para crescer e evoluir nesse mercado?
A gente busca oferecer e se diferenciar com a oferta de produtos saudáveis, funcionais, que tragam benefícios. Essa é nossa definição, queremos ser uma empresa que produz chocolates que tragam benefícios. Somos preocupados com a beleza, com costumes saudáveis. No nosso portfólio os saudáveis são uma tendência e, dentro disso, a nossa estratégia é procurar estar associado com pessoas que são referência no assunto, para que possam validar nossos produtos a partir dos estudos que a gente tem acesso.
É a estratégia do endosso, então?
Sim. É isso.
E você acredita que essa estratégia pode levar vocês ao crescimento?
Acho que o caminho é pelo chocolate saudável, o chocolate não é mais um produto nocivo e com a conscientização de que é um produto permitido, o consumo tende a aumentar.
No Brasil, os super ou hipermercados são os locais preferidos para a compra de chocolate. Vocês não cogitam a venda nesses locais?
Por enquanto não. Mas pode até ser que com a evolução da linha de varejo, sim. Mas quando acontecer, vamos buscar empresas especializadas.
E as parcerias, também funcionam nesse setor?
Sim, o setor gosta sim. A gente tem uma forte parceria com a Nestlé, por exemplo, e damos preferência aos produtos dela como ingrediente.
E que marca vocês querem ser quando crescer?
(Risos) A maioria das marcas são industrializadas e a gente é artesanal, mas a Kopenhagen, por exemplo, é um referencial nacional.
O chocolate não é mais um vilão, estudos comprovam que ele pode ser consumido regularmente e que gera muitos benefícios para a saúde.”
Em períodos como a Páscoa e o Natal, pra gente, o mercado de festas diminui e o varejo aumenta. Nossa divisão, que é de 90% festas e 10% varejo, nesse período vira 60% e 40%.”
Fonte: Diário do Nordeste