Comércio contribui com crescimento econômico de 2017

A melhora do consumo fez o comércio crescer 1,8% em 2017, o que contribuiu para o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017, conforme divulgado nesta quinta-feira (1/3), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para Alencar Burti, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), tudo indica que em 2018 o crescimento do setor seja ainda maior. “2017 foi um ano em que os bens duráveis tiveram bom desempenho estimulados pela queda da inflação e dos juros e a subida da massa salarial. Foi um ano de transição”, diz.

“Em 2018, o comércio brasileiro pode chegar a crescer até 5%, afirma Burti, que também preside a Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).

A expectativa da ACSP para 2018 é favorável: o Brasil deve seguir com os menores juros do Plano Real e acelerar o ritmo de crescimento econômico. “A agricultura não vai ter papel tão preponderante. Em compensação, a indústria ? que já vem mostrando forte recuperação ? e o setor de serviços devem apresentar aumentos significativos”, diz o presidente da ACSP.

Segundo o IBGE, o PIB cresceu 1,0% em 2017, em linha com as expectativas dos analistas de mercado, após apresentar quedas consecutivas de 3,5% nos dois anos anteriores.

De acordo com os economistas da ACSP, a retomada do crescimento econômico é alentadora, pois significa a superação da pior recessão da história do País. Mas eles alertam que, “além de contar com uma base de comparação muito baixa, o crescimento de 2017 não compensa as contrações sofridas em 2015 e 2016, fazendo a atividade retornar ao nível observado em 2011.”

Em todo caso, o PIB do quarto trimestre do ano passado apresentou elevação mais intensa (2,1%), em relação ao mesmo período de 2016, sugerindo aumento de “tração” na recuperação da atividade.

Pelo lado da demanda, o consumo das famílias, que continua sendo o principal componente, expandiu em 1,0% durante 2017, pela recomposição da renda, em decorrência da redução da inflação, à maior geração de postos de trabalho e à expansão do crédito, com menores juros e prazos de financiamento mais dilatados. Também contribuiu a renda extra de R$ 44 bilhões, injetada na economia a partir da liberação dos recursos inativos do FGTS.

A retomada do consumo ocorreu, apesar do recrudescimento da crise política, que não abalou de forma importante a confiança do consumidor.

Por sua vez, o investimento produtivo e em infraestrutura (formação bruta de capital fixo) continuou em queda (-1,8%), porém de forma muito menos intensa do que nos dois anos anteriores (-10,3% e -13,9%, respectivamente).

Segundo a ACSP, a queda desse tipo de despesa se deveu, em grande medida, à contração do setor construção, que ainda não se recuperou, apresentando queda de 5,0%, e ao profundo corte sofrido pelos investimentos públicos, que fazem parte dos gastos discricionários do Governo.

“Vale destacar, porém, que a formação bruta de capital fixo mostrou elevação durante o último trimestre do ano passado, após 14 quedas consecutivas. De todo modo, a participação dos investimentos no PIB (taxa de investimento) voltou a cair, alcançando a mínima histórica de 15,6%, cada vez mais abaixo da média dos emergentes (25,0%)”, afirmam os economistas da entidade.

Pelo lado da oferta, o maior destaque ficou por conta da produção agropecuária, que cresceu 13,0%, devido ao recorde de produção agrícola, principalmente soja e milho, ocorrido no ano passado, beneficiado por sensível melhora nas condições climáticas.

Na ótica da produção, esse resultado foi o principal responsável pelo crescimento de 1,0% do PIB, que, sem ele haveria aumentado somente em 0,3%.

Também merece destaque a recuperação dos serviços, o principal setor produtivo da economia, que avançou 0,3% em 2017, após dois anos consecutivos de queda (-2,6% e -2,7%, respectivamente), impulsionado pelo maior consumo das famílias, que resultou em expansão de 1,8% para o comércio atacadista e varejista.

INDÚSTRIA

A atividade industrial apresentou estagnação, após mostrar contrações nos três anos anteriores (-4,0%, -5,8% e -1,5%, respectivamente).

O desempenho do setor foi afetado negativamente pelo maior custo de produção, devido à utilização das termoelétricas. O destaque positivo ficou por conta da atividade extrativa (4,3%), enquanto o pior resultado veio da construção civil (-5,0%).

“Vale mencionar que, enquanto o valor total da produção, sem considerar os impostos (valor adicionado a custo de fatores), aumentou em 0,9%, os impostos o fizeram em 1,3%, o que implica em aumento implícito de nossa já muito elevada carga tributária.”

Para a ACSP, os dados do IBGE mostram a consolidação da retomada da atividade. A perspectiva para 2018 é de crescimento econômico mais robusto, podendo chegar a cerca de 3,0%, com expansão mais espraiada na indústria e nos serviços, já que a produção agropecuária não deverá mostrar aumento importante.

Fonte: Diário do Comércio