Desaceleração da economia mundial traz riscos financeiros

O Banco Central Europeu (BCE) advertiu nesta quarta-feira (29/05) para a possibilidade de que os riscos de piora no crescimento se materializem e de que isso eleve preocupações sobre a sustentabilidade de dívidas.
“Além do alto nível de dívida e grandes déficits fiscais, alguns países poderiam enfrentar riscos na rolagem se participantes do mercado reavaliarem o risco soberano”, advertiu a entidade em relatório semestral intitulado Revisão da Estabilidade Financeira.

O documento é divulgado num momento de tensões entre a União Europeia e a Itália. O país insiste em manter um patamar de gastos em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) superior ao limite determinado pelo bloco, o que pode gerar mais tensões entre as partes e, eventualmente, uma multa bilionária da UE contra Roma.

O BCE adverte que os riscos de baixa ao crescimento econômico poderiam gerar mais volatilidade nos mercados financeiros. Esses riscos de piora no crescimento reforçam a necessidade de se fortalecer balanços de dívidas de governos altamente endividados, ressalta o banco central.

O vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, adverte no relatório para os riscos à estabilidade financeira, caso uma piora na perspectiva econômica se concretize.

Outro alerta é para uma eventual escalada nas tensões comerciais, que poderiam provocar mais perdas nos preços dos ativos, diz o BCE.

COMÉRCIO
O diretor-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, afirmou que o mundo entra agora em um “período crucial” e defendeu a necessidade de uma atuação decidida da comunidade de negócios para ajudar a fortalecer o sistema de comércio.

Falando em Paris na terça-feira, Azevêdo lembrou que há eventos importantes na agenda, como a cúpula do G-20 no Japão no próximo mês, onde os líderes desejarão obter atualizações sobre os progressos na reforma a OMC.

Além disso, haverá a Conferência Ministerial da OMC no Casaquistão, em junho do próximo ano, quando se pretende apresentar novos resultados negociados, disse ele. “Este é o momento para o setor privado considerar o que deseja do sistema de comércio – e de comunicar isso ao mundo”, defendeu.

Em um momento de tensões comerciais e riscos de mais protecionismo, Azevêdo afirmou que é preciso trabalhar por “um novo século de multilateralismo”, com ambição e inovações para melhorar o sistema comercial no futuro.