Erros tributários podem ser fatais às MPEs
Por Karina Lignelli
Uma pesquisa revela que uma a cada três micro, pequenas e médias empresas pagam multas por gestão amadora. Algumas chegam a quebrar
Uma em cada três MPEs paga multas tributárias por má comunicação com o contador. Uma das principais causas de mortalidade nos primeiros cinco anos de atividade é a falta de planejamento antecipado – o que implica em problemas principalmente na hora de recolher os impostos.
Se lidar com finanças é algo complexo para as pequenas empresas, os dados acima, que são de uma pesquisa da Nibo (desenvolvedora de softwares de gestão financeira) e do Sebrae-SP, servem de alerta para quem está à frente dos pequenos empreendimentos.
O levantamento da Nibo, que acaba de ser realizado com 300 gestores de MPEs no País, mostra outros dados interessantes. Dessas empresas, 67% afirmaram não receber qualquer tipo de relatório ou consultoria do seu contador, sendo que, entre as empresas com mais de 50 colaboradores, 47% registraram essa ausência de demonstrativos. Já mais de 20% afirmam que podem trocar o contador nos próximos seis meses por esse motivo.
Segundo Sabrina Gallier, vice-presidente de marketing da Nibo, a questão não se restringe a um problema das empresas de contabilidade, mas por que falta um “esforço de comunicação” maior entre as partes. Com tantos impostos e obrigações na legislação tributária brasileira, tornou-se quase impossível fazer quem cuida de finanças entender a complexidade do que é requerido pela área contábil, diz. “Mas as empresas precisam entender que contador não faz milagre.”
De outro lado, 50% dos entrevistados que fazem o trabalho manualmente não sabem ou têm uma vaga ideia de quanto há de contas a pagar. Desse montante, outros 25% desconhecem o saldo bancário atual da empresa. As duas situações se repetem para 21% dos empresários que fazem esses controles via planilhas de Excel.
Durante a aplicação da pesquisa, alguns entrevistados reconheceram passar informações em atraso ao contador, ou disseram guardar recibos, notas e documentos para apurações fiscais e contábeis na caixa de sapato.
“São empresas que só crescem quando constatam o quanto a desorganização pode doer no bolso, e só então passam a enxergar o contador como parceiro estratégico”, destaca Sabrina.
Richard Domingos, diretor executivo da Confirp Contabilidade, é da mesma opinião. Segundo afirma, o trabalho do contador basicamente é o fim da linha das operações de seu cliente, por isso a importância de fornecer informações corretas. Isso vale para todos os tipos de apurações, sejam de impostos, balanços e até para elaboração de documentos estatutários e societários.
Mas, apesar de não ser regra, a maioria das MPEs costuma ser gerida por bons vendedores e conhecedores do produto, mas sem conhecimento financeiro ou contábil – o que acaba gerando esse tipo de problema, afirma Domingos.
“Falta de informação e de proximidade entre as partes faz com que se perca dinheiro com erros contábeis e fiscais. Aí, só resta ao contador remediar o erro depois de constatado.”
Fonte: dcomércio.com.br