Menos imposto ajuda contra a inflação, mas nada substitui o BC
por Míriam Leitão
A redução dos tributos da cesta básica e do PIS/Cofins pode trazer resultados, mas sozinha, não resolve o problema da inflação. Eu já tinha escrito na coluna e comentado aqui que o governo usaria essa arma durante o ano de 2013, porque foi o que me disse o economista Luiz Roberto Cunha, professor da PUC Rio, que acompanha o assunto.
No ano passado, foi aprovada uma proposta de isenção da cesta básica no Congresso, por iniciativa do PSDB. O governo vetou, não porque discordasse, mas para negociar com os estados, e a proposta não ficasse só nos impostos federais que, na cesta básica, podem não fazer tanta diferença assim. O maior peso é do ICMS.
É bom que haja isenção de tributos sobre a cesta básica, porque são esses produtos os mais consumidos pelos pobres.
Isso tudo, no entanto, não é uma política contra a inflação, mas de diminuição dos seus efeitos. Uma política efetiva precisa de controle do gasto público – uma política fiscal mais apertada, e de uma política monetária que não esteja amarrada, impedida de agir. Nesse momento, a sensação que se tem é que o BC está proibido de subir juros. Pode até não elevá-los, mas se não tem poder, a inflação sobe, porque a expectativa dos agentes é que se tem um combatente a menos.
O governo não pode deixar passar a ideia de que o BC está amarrado. A instituição tem de ter autonomia para subir juros, quando achar necessário.
Fonte: oglobo.globo.com