Curso de Ciências Contábeis busca acompanhar tendências da atividade
Dados do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do Ministério da Educação, em 2012, mostram que o curso de Ciências Contábeis está entre as dez profissões mais desejadas do País. Com todas as mudanças ocorridas nos últimos anos, desde a implantação das normas internacionais e todas as inovações tecnológicas que vieram agregar o trabalho do profissional da contabilidade, as faculdades buscam se manter atualizadas a fim de formar um profissional capaz de atuar em mercado cada vez mais exigente.
Na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), o coordenador do curso, professor Saulo Armos, conta que houve uma mudança na linha pedagógica com o acréscimo de mais disciplinas práticas. Dos 16 encontros de uma determinada cadeira, quatro possuem a presença de empresários convidados, que contam como funciona o setor contábil na empresa que gerenciam. Dessa forma, justifica o professor, o aluno realiza estudos de casos.
A faculdade também observou que os alunos estão lendo cada vez menos livros em razão da internet. O jeito, explica o professor, foi fazer com que, a cada semestre, os estudantes tenham que ler duas obras dentro do contexto do estudo, e o conteúdo é cobrado em prova.
Armos é um otimista com o novo mercado, pois, segundo ele, os contadores mais antigos estão vendendo seus escritórios por não quererem se reciclar, e as empresas valorizam quem tem mais conhecimento. Mas ele reforça que é fundamental a especialização, inclusive para os professores, que também precisam se reciclar.
Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), o coordenador do curso, professor João Marcos Leão Rocha, também critica a imagem ainda impregnada no ambiente coletivo daquilo que ele chama de “contador darfista e gepesista”, uma referência a quem apenas preenche o Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf) e a Guia de Previdência Social (GPS). “A Ufrgs está voltada para um profissional gestor da contabilidade”, salienta. Para ele, se o contador não se adequar, não conseguirá se manter no mercado, deixando espaço para que outras áreas assumam esse lugar. Para estimular a reciclagem, a universidade incentiva os alunos a participar de laboratórios. “Estamos fazendo monitorias, os professores estão mais próximos dos alunos ajudando a solucionar problemas práticos.”
O currículo dos cursos em todas as universidades, de acordo com Rocha, tem sido dinâmico. A Ufrgs oferece, em média, 270 horas de aulas técnicas, ou seja, 10% das atividades específicas estão voltadas para a prática. A Faculdade de Ciências Econômicas (FCE) da Universidade Federal é uma das instituições a adotar o Núcleo de Apoio Contábil e Fiscal (NAF), programa em parceria com a Delegacia da Receita Federal do Brasil no Rio Grande do Sul. O projeto visa a oferecer suporte fiscal e contábil a pequenas empresas. Além disso, a faculdade oportuniza aos alunos a experiência em uma empresa júnior, que conta com a participação de professores da FCE. “Eles estão prestando serviços para empresas com orientação”, orgulha-se o coordenador.
Fonte: Jornal do Comércio RS – JC Contabilidade 20.02.2012