IBPT cobra correção da tabela do IR em 61%
O reajuste de apenas 4,5% na tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) anunciado nesta semana pelo governo federal, na prática, acaba representando um aumento da carga tributária para o contribuinte e penaliza especialmente a classe média. Especialistas ouvidos pela FOLHA defendem que a correção da tabela deveria ser realizada nos mesmos patamares da inflação e também sugerem a ampliação do número de faixas de tributação que hoje são apenas quatro.
A tabela já tem uma defasagem de 61,42% em relação à inflação oficial do País desde 1996. “Não corrigindo a tabela pela inflação, o governo está ficando com o dinheiro dos contribuintes e isso é apropriação indébita. É um absurdo”, disse o presidente executivo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), João Eloi Olenike.
Ele lembrou que, entre 1996 e 2002, a tabela ficou sem correção. Em 2003, teve correção de 17,6%. Em 2007, o reajuste foi de 7,3% e, em 2008, de 5,1%. Desde 2009, a correção vem sendo de 4,5% ao ano. Olenike diz que, se a tabela fosse corrigida em 61%, os contribuintes que têm renda mensal até R$ 2.800 ficariam isentos. Neste ano, só está livre da mordida do ‘’leão’’ quem ganha até R$ 1.710,78.
O IR pesa mais ainda no bolso do contribuinte porque as pessoas continuam tendo reajustes salariais com ganho real, ou seja, acima da inflação, enquanto o governo atualiza a tabela do imposto abaixo do índice inflacionário do País. “O governo está tirando dinheiro do bolso do contribuinte, que poderia consumir mais e ajudar no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)”, destacou.
Ele defende ainda que o governo deveria aumentar o número de faixas acima de 27,5%. Hoje, quem ganha acima de R$ 4.271,59 paga está alíquota. Isso significa, na prática, que quem ganha R$ 5 mil ou R$ 100 mil por mês vai pagar os mesmos 27,5%. “A classe média é mais prejudicada”, critica. Além de pagar o IR, gasta com pedágio, coloca cerca elétrica na casa, paga plano de saúde e escola particular. Olenike afirma que esta camada da população está pagando duplamente por serviços que não recebe do governo.
O professor do curso de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Marcelo Curado, diz que o governo deveria tributar os ricos com alíquotas maiores. “As grandes rendas pagam 27,5%”, reclama. Ele defende também que haja um aumento no número de faixas da tabela. “A tabela atual é muito ruim para quem ganha R$ 4 mil a R$ 5 mil por mês”, alega. Também considera que seria necessário ter um limite maior para as deduções de gastos com educação.
O economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Fabiano Camargo da Silva, também defende o aumento do número de faixas na tabela. “Teria que ser discutido o próprio sistema tributário brasileiro”, enfatiza.
Fonte: Folha Web
Via: Contabilidade na TV