Relator sugere criação da Contribuição Social para a Saúde nos moldes da CPMF

CSSPedido de vista conjunta adiou para o próximo dia 30 a votação do relatório da Comissão Especial do Financiamento da Saúde.

O relatório do deputado Rogério Carvalho (PT-SE) na comissão especial que analisa o zecarfinanciamento do sistema de saúde brasileiro (PLP 321/13), apresentado nesta quarta-feira (16), foi contestado por diversos deputados.

O ponto que gerou mais discussões foi a sugestão de criar a cobrança da Contribuição Social para a Saúde (CSS), imposto sobre todas as transações financeiras acima de R$ 4 mil. A arrecadação seria destinada à saúde, no percentual de 0,2% por transação, de forma semelhante à Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF), extinta em 2007. Quatro deputados pediram vista, e o relatório voltará a ser discutido na próxima quarta-feira (23).

A ideia, segundo o relator, é isentar a parcela da população com menor poder aquisitivo. “A massa, ou seja, 70% dos trabalhadores brasileiros não pagariam, portanto, o imposto seria justo para ampliar o financiamento da saúde. Com uma nova fonte [de recursos] a gente pode ter financiamento adequado para atender a todos os brasileiros e o que cada brasileiro precisa para ter sua necessidade de saúde resolvida.”

Rogério Carvalho explicou que a nova CSS vai gerar uma arrecadação em torno de R$ 38 bilhões anuais. Esse valor deve ser somado aos 15% sobre a Receita Corrente Líquida da União, percentual também sugerido no parecer.

A taxa incidiria sobre a movimentação financeira bancária a partir de 2018, por prazo indefinido. “A CPMF foi uma grande invenção, nenhuma forma é mais democrática para arrecadar recursos para a saúde”, disse o relator. Carvalho afirmou que, com a proposta, em cinco anos o gasto com saúde do governo federal seria elevado em 70%.

Regra de transição
O relatório sugere que o governo passe a destinar 15% de sua receita corrente líquida para o financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Sua proposta prevê uma regra de transição negociada com o governo. Em 2014, o percentual seria de 13,2%; em 2015, 13,8%; em 2016, 14,4%; e, em 2017, seria finalmente atingido o percentual de 15%.

De acordo com o relator, a média nacional do Índice de Desenvolvimento do SUS (Idsus) é de 4,5 a 5, considerada baixa pelo deputado. Para se chegar a um índice bom, a marca a ser atingida, na avaliação de Carvalho, é de 8 a 9 e, para isso, são necessários mais recursos, e não apenas os 10% da receita bruta reivindicados no projeto de lei de iniciativa popular (PLP 321/13) apresentado em agosto pelo Movimento Nacional em Defesa da Saúde Pública, o Saúde + 10.

Hoje, a União aplica 12,7% da Receita Líquida em saúde, correspondentes a cerca de R$ 90 bilhões. Carvalho avalia que, com a CSS e a elevação do percentual sobre a Receita Líquida, feita de forma gradual até 2017, o valor quase que dobraria.

O deputado Amauri Teixeira (PT-BA) declarou ser a favor do relatório. “O Brasil precisa parar de tributar todo mundo de forma igualitária. A recriação da CPMF servirá para redesenhar o sistema tributário brasileiro, mas as críticas mostram que a Casa resiste à reforma tributária”, declarou.

Aperfeiçoamento de gestão
“A única coisa que está se discutindo no relatório de Rogério Carvalho é a recriação da CSS. Não é verdade, ele tem critérios de aperfeiçoamento de gestão maravilhosos”, acrescentou Teixeira.

Amauri Teixeira se refere a dois outros pontos estratégicos, além da CSS, incluídos no parecer. O primeiro altera a forma de distribuir recursos novos. O objetivo, segundo Rogério Carvalho, é diminuir as diferenças regionais em termos de oferta de serviços de saúde. A outra proposta diz respeito à total transparência sobre a utilização do dinheiro público, a ser alcançada com o registro, em tempo real, de todas as operações de saúde, a partir da identificação do usuário.

Casos de isenção
O relatório também estabelece possibilidades de isenção do pagamento da CSS. Incluem-se aí os valores dos proventos dos inativos, dos pensionistas e demais benefícios previdenciários, não excedentes ao valor do maior salário-de-contribuição.

Da mesma forma e em iguais limites estarão isentos os trabalhadores ativos contribuintes do Regime Geral de Previdência e do Regime de Previdência do Servidor Público.

O relator também assegurou a manutenção dos recursos oriundos da participação no resultado ou da compensação financeira pela exploração de petróleo e gás natural, previstos na Constituição (§1º do art. 20 da Constituição Federal).

Fonte: Câmara dos Deputados

Via: Noticias Fiscais

One thought on “Relator sugere criação da Contribuição Social para a Saúde nos moldes da CPMF

  1. Quem lembra de como era a saúde no Brasil no tempo da CPMF?
    Será que era melhor que hoje? Não existiam hospitais sucateados? As condições de atendimento aos pacientes eram de primeiro mundo?
    Não, não senhores, era exatamente igual talvez pior. Não vai adiantar mais verbas se o gestor continuar o mesmo. Os desvios irão continuar e os pacientes do SUS continuarão a ser atendidos no corredor. Quanto mais dinheiro mais desvios. No Brasil é assim.
    Esse é o meu pensamento e espero sinceramente que seja um pensamento totalmente equivocado, e que a Saúde a partir dessa contribuição somada aos recursos oriundos da exploração do petróleo passe a atender todos os brasileiros com dignidade e decência.
    O tempo trará a resposta ….Espero estar vivo na ocasião.
    Clarivaldo Pêgo

Comments are closed.