Baixas contábeis discutidas na Petrobras chegavam a R$ 88 bilhões, diz Bloomberg

A Petrobras, que está no centro do maior escândalo de propina do Brasil, não conseguiu chegar a um acordo sobre as baixas contábeis em seus resultados, disse uma pessoa com conhecimento direto.

Em uma reunião que durou mais de 10 horas, os membros do conselho foram apresentados com diferentes cenários, incluindo a redução do valor contábil total dos em até R$ 88 bilhões (US$ 34 bilhões), disse a pessoa, que pediu para não ser identificada porque o assunto não foi resolvido e não se tornou público.

A pessoa não especificou quais os cenários cobertos.

Como os conselheiros não chegaram a um consenso sobre as cobranças trimestrais, eles vão considerar apenas liberar as baixas contábeis no resultado anual de 2014, disse a pessoa. A empresa aos pedidos da Bloomberg de comentário.

Os membros do conselho foram convocados para considerar os “impairments” em refinarias e outros projetos nos quais os fornecedores supostamente pagaram propinas para ganharem contratos e assim buscarem aprovação para liberar resultados não auditados do terceiro trimestre de 2014.

Um atraso de mais de dois meses em relatar os balanços auditados enquanto aguarda os resultados das investigações internas sobre as alegações de suborno tem contido a Petrobras nos mercados internacionais de dívida. E tudo isso ocorre em meio à queda de mais de 50% nos preços desde a máxima do ano passado até agora.

Em comunicado divulgado 12 de dezembro, a Petrobras disse que pretendia divulgar os resultados não auditados até o final de janeiro para evitar ultrapassar os covenantes em parte da sua dívida. As ações da Petrobras caíram 23% desde que adiou a divulgação dos resultados em 14 de novembro. Analistas não têm sido tão pessimistas com a estatal desde que ela começou a ter papéis negociados nos Estados Unidos, em 2000.

Cortes de rating
No final de dezembro, a Moody’s Investors Service disse que poderia cortar o rating de crédito da empresa para o segundo menor nível de “investment grade” (grau de investimento), por causa da preocupação com sua capacidade de levantar dinheiro em meio aos ganhos em atraso. A Moody’s cortou seu chamado rating independente para grau especulativo em 3 de dezembro em meio ao aumento no risco de liquidez.

A lista de problemas da Petrobras tem aumentado desde que a polícia prendeu em março o ex-diretor de abastecimento, Paulo Roberto Costa, que revelou um escândalo de corrupção e lavagem de dinheiro multibilionária, que ganhou o nome de “Lava Jato”.

A Petrobras tem tomado medidas para fortalecer suas áreas de governança corporativa e controles internos, incluindo o estabelecimento de um novo diretório compliance, governança e risco.

A empresa pode ter de recorrer ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para financiar a totalidade ou parte do seu rombo de US$20 bilhões em suas finanças este ano, disse Daniel Kastholm, diretor da área de finanças corporativas da América Latina em entrevista concedida à Bloomberg 20 de janeiro, em São Paulo.

Fonte: Infomoney