RS: Estado reconhece avanços na proposta de repactuação do Regime de Recuperação Fiscal, mas avalia haver espaço para mudanças

Após dois meses de negociação com os estados do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás, a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, anunciou, nesta quarta-feira (26), que irá encaminhar ao Congresso Nacional um pacote de mudanças na Lei Complementar 159/2017, que normatiza o acordo do Regime de Recuperação Fiscal (RRF), e na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). As modificações comunicadas pelo governo federal, que deve divulgar em breve a redação final dos projetos de lei, atendem parte das demandas pleiteadas pelo governo gaúcho na remodelagem de pagamento da dívida pública com a União.

De acordo com a secretária da Fazenda, Pricilla Santana, o Estado reconhece avanços nas mudanças anunciadas em Brasília, como a alteração do indexador do teto de gastos previsto no desenho do RRF. Essa foi uma das principais demandas defendidas pelo RS na mesa de negociações com o Tesouro Nacional e foi contemplada no pacote de modificações. Com a mudança, as regras do regime que limitam as despesas públicas ficariam vinculadas às metas de resultados fiscais dos estados, o que flexibiliza a possibilidade de aumento real dos gastos conforme a realidade financeira de cada ente subnacional.

Apesar dos avanços, a titular da Fazenda salienta que o governo do RS aguarda a publicação do texto final das propostas a serem enviadas ao Congresso e enfatiza a existência de pautas importantes que devem ser enfrentadas. “Reconhecemos o esforço do governo federal de avançar em tópicos importantes da renegociação das dívidas dos entes subnacionais. No entanto, vamos esperar pela publicização dos projetos de lei para, ainda junto à STN, negociar a revisão de alguns pontos. Entendemos que há espaço para alterações mais profundas, sobretudo em temas como a revisão do indexador da dívida pública, hoje atrelado à taxa Selic e que vem demonstrando uma trajetória de crescimento preocupante”, avalia Pricilla.

Conforme o anúncio realizado pelo governo federal, a proposta amplia o prazo de vigência do RRF de nove para doze anos. Em ofício encaminhado ao Ministério da Fazenda, no entanto, o RS já havia solicitado a extensão do regime para 15 anos, a fim de adaptar a amortização da dívida à queda de arrecadação de ICMS provocada pela Lei Complementar 194/2022, que derrubou de forma abruta o ingresso de receitas do Estado em 2022 e ainda repercute nas contas deste ano. A ampliação do prazo também abriria espaço fiscal para qualificar a prestação de serviços públicos essenciais, como saúde, educação e segurança.

“Temos estudos que dão consistência técnica e embasam o pedido de extensão para 15 anos, que é o período mais adequado para equalizar os pagamentos à nova realidade arrecadatória dos estados”, afirma a secretária da Fazenda.

Para Pricilla, há mérito na proposta de ampliar o acesso a operações de crédito para quitação de passivos e realização de investimentos por meio de Parcerias Público-Privadas (PPPs). No entanto, a União não anunciou qual será o tamanho do acréscimo no limite de financiamentos, hoje restrito a 5% da Receita Corrente Líquida (RCL) dos estados. O governo estadual defende a ampliação desse percentual para 15%, a fim de quitar parte do saldo de precatórios e vitaminar investimentos em infraestrutura mirando o crescimento econômico do RS.

“Após a apresentação do texto final das leis, poderemos realizar sugestões mais concretas sobre diversos aspectos da proposta. Consideramos um avanço importante o anúncio realizado pelo Ministério da fazenda, que é fruto da janela de diálogo aberta com os estados, tendo o Rio Grande do Sul como um dos protagonistas das negociações. Mas entendemos que há lacunas a serem preenchidas, a fim de tornar a relação federativa ainda mais cooperativa e equilibrada para todos os entes subnacionais”, analisa a secretária.

Fonte: Sefaz-RS